sexta-feira, 1 de julho de 2011

Discipulos de Jesus ontem e hoje...

 


Seguindo os Passos de Jesus

Discipulado e sua interpretação:

Entendendo que, através dos tempos o discipulado tem tido muitas interpretações, sendo que a principal delas é um curso para iniciantes, ou seja, recém convertidos, onde além de conceituar valores cristãos entre a queda e a nova vida em Cristo Jesus, apresentam também algumas atribuições e compromissos do que é ser cristão, e de como deve ser este comportamento junto a sua caminhada dentro e fora da Igreja.Não discordamos destas interpretações, mais querendo concentrar maiores esforços, e ousar também na maneira de ver discipulado, atuaremos com uma ênfase maior, há um acompanhamento, “lado a lado” sem a preocupação de tempo, ou seja, término em semanas, pois o que queremos demonstrar não se concretiza como curso programado, mais sim no “transcurso de uma “caminhada”, juntos uns aos outros. Portanto o escopo não são o de atingir um crescimento numérico, mais sim obter um aprofundamento, comprometimento e crescimento espiritual, de vidas que reproduzem vidas para Jesus, que dêem frutos literalmente falando para Jesus.
- Buscaremos assim, entender o discipulado como um todo, na sua necessidade, seu significado, sua aplicação, entre outras tantas colocações que poderíamos usar a fim de fazer sua aplicabilidade contextualizada sem perder a essência; estudaremos autores que relatam historicamente essa dinâmica de ser discípulo e fazer discípulo, faremos uma analogia com a Bíblia, evitando assim corrermos o sério risco de formular ou fortalecer falsos conceitos ou interpretações.

Discipulado no Novo Testamento: Discipulado de Jesus.

Jesus veio a este mundo com uma missão; a de morrer por nós, para nos salvar. No transcurso de sua caminhada para o calvário “cruz”, Ele Cristo, dedicou todo tempo da Sua vida, na formação de seguidores “discípulos” escolheu doze homens comuns: pescadores, coletores de impostos entre outros; estes homens eram diferentes tanto em seu agir com em seu pensar; um (Simão o Zelote) odiava aos Romanos e outro (Mateus) trabalhava para eles, Jesus tinha claramente a ocupação de cada um em seu ministério, Jesus falou a seus discípulos: Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. (Jo 15:16).

Jesus caminhava lado a lado com estes seus escolhidos dia e noite, Jesus sempre os mantendo juntos de Si, ensinava tudo o que eles precisavam saber a respeito da verdade e da vontade de Deus. Eram eles seus escolhidos para proclamação do Seu Evangelho, eram eles que seguiriam com a mensagem. A estes seus seguidores “os doze discípulos” estava sendo ensinado um legado universal que atravessaria séculos e séculos até os nossos dias glória a Deus nas alturas.

Talmidim “discípulos”; Mathetés “discípulos”.

Champlin descreve discípulo e discipulado como:

A palavra portuguesa discípulo vem do latim discípulos, que significa “aluno”, “aprendiz”. A raiz verbal é discere, “ensinar”. A palavra grega correspondente é mathetés, de onde também se deriva a palavra que significa “aprender”. O termo hebraico talmid vem de talmad, “aprender”, conforme se vê em I Crônicas 25:8, ao referir-se aos alunos da escola de musica do templo de Jerusalém. Naturalmente a aprendizagem necessariamente subentende a prática daquilo que alguém aprende; e é então que temos o discipulado. De acordo com o uso posterior entre os hebreus, a palavra talmidim (discípulos) veio a ser usada para indicar aqueles que seguiam algum rabino específico e a sua escola de pensamento. Houve também o desenvolvimento do Talmude (erudição) os escritos que serviam para aclarar e expandir as Escrituras do Antigo Testamento. Esse documento tem certa alusão aos talmidim ou discípulos de Jesus.

Talmidim, (dos textos originais em hebraico) que se traduz em: aprendiz, discípulos, eram no tempo de Jesus, na província da Galiléia, meninos estudantes que iniciavam aos seis (6) anos de idade o estudo do Torah (Pentateuco), e aos dez (10) anos já tinham estes estudos completados, ou seja, estes meninos já sabiam de forma decorada os cinco primeiros livros da Bíblia do Antigo Testamento; completando desta forma o primeiro estágio da escola primária (Beit Sefer).

Ao término desta etapa a maioria destes meninos buscava aprender o oficio de suas famílias. Já os que tinham maior destaque em seus estudos, seguiam para fase secundária (Beit Talmud), buscando o restante das Escrituras, bem como a tradição oral dos rabinos e suas muitas interpretações e aplicações da Lei de Moisés.

Sendo que somente o melhores, entre os quatorze (14) e quinze (15) anos de idade é que permaneciam estudando acompanhados de perto por um rabino famoso e respeitado, estes meninos eram considerados a elite intelectual de Israel, e eram chamados de talmidim “discípulos”.

O termo “discípulo(s)” é somente utilizado no Novo Testamento; nos livros dos Evangelhos e também no livro de Atos, esta palavra é citada em mais de duzentos e cinqüenta (250) vezes, enquanto que “Cristão(s)”, apenas três (3) vezes . Não se trata de uma questão meramente verbal, mais sim de uma qualificação de um preparo para determinados fins, em outras palavras de uma ordenação.

Ser discípulo (aprendiz) é caminhar com Jesus e aprender dEle; ser e manter um relacionamento pessoal com Ele. “Jesus nos chama a atenção para uma aliança pessoal entre Ele e aqueles que o seguem”. Através de Jesus, Deus convida homens e mulheres a serem seus seguidores, e a viverem sobre sua direção caminhando em seus passos.

Mulholland comenta que a primeira metade do evangelho de Marcos, refere-se à formação do discípulo em três aprendizados: Jesus convida os quatro pescadores para segui-lo: ..."sigam-me, e eu os farei pescadores de homens"... (1:16-20); Ele separa os doze ...estes são os doze que ele escolheu: Simão, a quem deu o nome de Pedro;... (3:13-19) e os envia numa missão ...eles saíram e pregaram ao povo que se arrependesse... (6:6b-8:26), com esses três estágios evidência aqui o discipulado de Jesus, que transcorre na Galiléia.

Jesus ora e depois separa os doze: Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar e passou a noite orando a Deus; depois, quando amanheceu, chamou os seus discípulos e escolheu doze deles, aos quais deu o nome de apóstolos.

Convocação dos Discípulos: (Mt 10:2-4 Mc 3:16-19 Lc 6:13-16 Atos 1:13)

Convocação no livro de Mateus - 10:2-4:

1 Simão Pedro
2 André
3 Tiago
4 João
5 Filipe
6 Bartolomeu
7 Tomé
8 Mateus
9 Tiago de Alfeu
10 Tadeu
11 Simão Zelote
12 Judas Iscariot

Dallas Willard comenta que:

Quando Jesus andou entre os homens, ser seu discípulo era algo relativamente simples. Significava, sobretudo, acompanhá-lo numa atitude de observação, estudo, obediência e imitação. Não existiam cursos à distância. Sabia-se o que devia ser feito e quanto isso custaria. Simão Pedro exclamou: “Nós deixamos tudo para seguir-te” (Mc 10:28). A família e o trabalho eram colocados de lado por longos períodos para acompanhar Jesus enquanto ele andava de um lugar para outro anunciando, mostrando e explicando o controle ou a operação de Deus naquele momento e lugar. Os discípulos tinham de estar com ele para aprender a imitá-lo .

Jesus quando declara a autoridade que lhe foi dada por Deus, tanto no céu e também sobre a terra, na seqüencia Ele classifica “ide”, aos seus seguidores. E a primeira ordem é a de fazer discípulo, conforme Mateus 28:19; Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.

Jesus, nos mostra através deste imperativo, a verdadeira importância do discipulado cristão, ou seja, é uma questão de vida ou morte, literalmente falando. Aqui, neste legado é um apelo à vida eterna, a salvação das pessoas é o alvo de Jesus. A ênfase dada por Jesus ao discipulado em seu “ide” foi seguida por seus escolhidos.

A Bíblia diz:

Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir. E dizia-lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta casa. E se ali houver um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e se não, voltará para vós. Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa. Também, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós. Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus. Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo pelas ruas, dizei: Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é chegado. Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade. [...] Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou. (Lc 10: 1-12, 16)

As carcteristicas de um mentor, discipulador idôneo revelevadas através do discipulado no livro de Lucas, ensinadas por Jesus, conforme relaciona Rega:

Trabalho em equipe – enviados dois a dois (v.1); Visão – sobre a colheita necessidade de levar obreiros (v.2); Oração – roga para Deus antes de iniciar o trabalho (v.2); Coragem – “ide” indo a frente e sem receio, mesmo sabendo que será uma ovelha entre lobos (v.3); Fé e estilo de vida simples – não se importa com dinheiro, bagagem e outros recursos, mas fica totalmente na dependencia de Deus (v.4); Pessoa de paz – entende e reconhece a paz (shalom), a harmonia (v.5); Pessoa que se relaciona – estabelece-se em uma casa, em uma família, cria raizes, sendo de fato uma pessoa boa e integra (vs. 5-7); Pessoa do reino de Deus – submissa ao Rei e por isso tem autoridade (vs. 9,11); Discernimento – reconhece quem compartilha o mesmo espírito (v.6); Humildade suficiente para receber: consegue depender de outros com graça (vs. 7, 8); Capaz de lidar com conflitos – diz a verdade, e aceita criticas sem levar para o lado pessoal (vs.10-12, 16).

Discipulado na Igreja Primitiva; Barnabé e Paulo.

Nos primeiros passos da Igreja primitiva nos deparamos com o clássico exemplo de discipulado que a Bíblia nos apresenta; que é a de Barnabé e Paulo. A figura proeminente de Paulo ex-talmadim da escola de Gamaliel, perseguidor de cristão, para nova criatura e exemplar Apóstolo de Jesus; através dos séculos, só fora possível por intermédio de José, mais conhecido pelo apelido de Barnabé. Para entender o discipulado de Paulo, não podemos deixar de olhar para Barnabé, seu discipulador. Atos 22:3 Fui instruído rigorosamente por Gamaliel na lei de nossos antepassados, sendo tão zeloso por Deus quanto qualquer de vocês hoje.

“No século II. Clemente de Alexandria escreveu sobre Barnabé mencionando que ele integrara o grupo dos 72 discípulos”. A Bíblia descreve Barnabé como: ...porque era homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé... (Atos 11:24). Barnabé demonstra também em diversas ocasiões seu excelente carater.

Através da história, principalmente na intermediação e apresentação de Saulo de Tarço já convertido, junto aos Apóstolos, levando em consideração a magnitiude desta intermedição haja visto ser Saulo um ex-perseguidor de cristãos. Quando chegou a Jerusalém, tentou reunir-se aos discípulos, mas todos estavam com medo dele, não acreditando que fosse realmente um discípulo. Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou como, no caminho, Saulo vira o Senhor, que lhe falara, e como em Damasco ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus. (Atos 9:26-28)

Barnabé, se relaciona com Paulo sem medo, vendo o que os outros não conseguiam ver, ou seja, ele ve, o que Paulo se tornara em Cristo Jesus. Sua coragem o coloca como defensor “advogado” de Paulo, pois a confiança que os apóstolos depositamvam nele através do seu testemunho, permitia que Paulo fosse aceito pela Igreja, e caminhasse livremente ministrando em Jerusalem dentro e fora da Igreja.

Rega relata que:

Barnabé é caracterizado não apenas como estudioso da Bíblia, mas com expêriencia transcultural e muito amado entre os apóstolos. Um homem de coragem contagiante (encorajador), comprometido com o Reino, desprendido das coisas materiais, generoso, confiante nos apóstolos e, com maior simplicidade, a eles submisso. A fé, o compromisso e a integridade de Barnabé contrastaram frontalmente com Ananias e Safira, cujas ações também são narradas no livros de Atos.

No livro de Atos dos Apóstolos, estão contidas diversas narrativas do carater de Barnabé, discipulador de Paulo e de João Marcos (Marcos que escreve o segundo evangelho), a Bíblia, nos apresenta de forma literal este acompanhamento, ou seja, deixa bem claro a importancia do discipulado lado a lado. Saulo se transforma em Paulo, a partir deste acompanhamento, o apóstolo passa ser usado de forma milagrosa.

Através de suas cartas (Cartas Paulinas) Jesus falou ontem, fala hoje e certamente falará amanhã, mais o que queremos enfatizar aqui, é o exemplo de um discípulo e um discipulador; Barnabé influenciou sobremaneira na vida e testemunho de um dos mais qualificados Apóstolos, separados por Deus, no Novo testamento.

Discipulado Barnabé, Paulo e Marcos

Sttot nos chama a tenção para a enfase que é dada ao discipulado no Evangelho de Marcos, (João Marcos ex-discípulo de Barnabé e Paulo). O Evangelho de Marcos, além de ensinar e instruir, assim como os outros evangelistas sobre a pessoa de Jesus Cristo, “o Filho de Deus” apresenta também o discipulado de maneira mais detalhada, mostrando: seus privilégios, obstáculos, perigos, desafios e perplexidades; Jesus, é o principal personagem deste livro, mais os discípulos vem logo a seguir.

Marcos apresentou muitas falhas em seu próprio discipulado. Ao observarmos a trajetória de Marcos como discípulo de Barnabé e Paulo; fica bem claro, do porque desta ênfase dada sobre o discipulado em seu Evangelho. A sua própria experiência como discípulo é colocada em seu Evangelho: seu medo, sua insegurança, sua instabilidade.

Marcos abandona Barnabé e Paulo em sua primeira viagem missionária; ...porém apartando-se deles, voltou para Jerusalém (Atos 13:13); esta atitude de abandono deixou Paulo muito contrariado, sendo que mais tarde recusou-se a levar Marcos junto a uma nova viagem missionaria, alegando não achar justo, pois o mesmo já os tinham deixados em outra viagem Mas a Paulo não parecia razoável que tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os tinha acompanhado no trabalho (Atos 15:38).

Stott comenta que:

Não sabemos por que Marcos os abandonou. A Panfília era uma área que ficava quase ao nível do mar e era manifesta pela febre; além disso eles estavam enfrentando uma viagem difícil até a Pisídia. Marcos tinha acabado de testemunhar um confronto emocionalmente extenuante com Elimas, o mágo em Pafos (Atos 13.6-12). E talvez ele tivesse tido algum pressentimento do que iriam encontrar pela frente. Se tivesse continuado a viagem com Paulo e Barnabé ele enfrentaria perseguição física em Listra, onde Paulo foi apedrejado ao ponto de quase morrer (Atos 14.19). Parece que o esgotamento e o perigo foram demais para que ele pudesse suportar, e então ele fugiu para sua casa em Jerusalem. Podemos supor que, além de jovem, ele era um tanto tímido ou estava saudoso do lar.

Paulo se separa de Barnabé, pois a insdisposição gerada pela companhia ou não de João Marcos, para proxima viagem missionaria a Chipre, faz Paulo e Barnabé se desentenderem seguindo, assim um para cada lado; ...tiveram um desentendimento tão sério que se separaram.... Barnabé parte para Chipre levando Marcos, ...Barnabé, levando consigo Marcos, navegou para Chipre, (atos 15:39). Após este episódio Barnabé a exemplo do que fez com o seu ex-discípulo Paulo, trabalha lado a lado o discipulado de João Marcos.

A Bíblia posteriormente mostra uma reconciliação entre Paulo e Marcos, ...assim como Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores (Fl 1:24); ... Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, o primo de Barnabé... (Cl 4:10); sendo que após 10 ou 12 anos mais tarde Paulo, solicita que Timoteo envie Marcos para auxilia-lo em seu ministério, ...Toma a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério... (2Tm 4:11).

Quando escreve o segundo Evangelho, já superando seus próprios traumas, medos e olhando para suas experiências como discípulo em: seus fracassos, fraquezas e limitações; Marcos consegue demonstrar o seu grande interesse, frente aos desafios e dificuldades do discipulado, reconhecendo de maneira afável e simpática as fraquezas dos primeiros apóstolos de Jesus,... Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes fé? Encheram-se de grande temor... (Mc 4:40-41). Contudo esta simpatia “não o leva a diminuir as exigências impostas aos discípulos de Jesus”.

Discipulado Paulo e Timoteo

Paulo após este aprendizado, “lado a lado” (Baranabé e Paulo), aplicou todo o conteudo destes ensinamentos aos seus discípulos a exemplo de Timóteo, Tito e Onésimo, este o escravo fugitivo que foi devolvido ao seu legítimo dono, o filho gerado na prissão ...sim, rogo-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões... (Fl 1:10); discipulo de Paulo, entre outros.

A Bíblia nos mostra em diversas passagem no Novo Testamento, o desenvolvimento da Igreja primitiva, e de como estes homens que seguem os passos de Jesus Cristo, “discípulos” foram usados por Deus, e como seus exemplos são imitados até hoje em nossos dias, pois são ensinos eternos, ensinos para uma vida terrena a caminho do Reino dos céus.

O discipulado de Paulo e Timóteo, a quem Paulo qualifica como filho da fé ... meu verdadeiro filho na fé... (Tm 1:2), nos traz exemplos de um obreiro aprovado aos olhos do Senhor, nas epistolas de 1ª e 2ª Timóteo além de cita-lo com um carinho especial, Paulo relata de forma literal estes ensinos a seu discípulo, e nos mostra de maneiras exortativas e admoestativas e principalmente muito amorosa, como deve ser nossa caminhada em Cristo Jesus.

Leroy Eims comenta que, Paulo ao escrever a ultima carta a Timóteo, o lembrou das coisas que haviam compartilhados juntos, dos ensinamentos a ele ministrado , Tu, porém, tens observado a minha doutrina, procedimento, intenção, fé, longanimidade, amor, perseverança... (2Tm 3:10)

Ao reunirmos todos os exemplos e ensinamentos de Paulo para com Timoteo que a Bíblia descreve, observamos o cuidado deste mentoriamento, discipulado; Paulo se coloca como sendo o pai espiritual de Timoteo.

As qualidade deste acompanhamento se caracteriza em atidudes como: relacionamento paternal e familiar, muito amor, intercessão, intimidade, saudade e alegria, reafirmação do que é bom, exortação, ministração, discernimento das necessidades do discipulo, desejo de manter seu discípulo junto de sí, ser exemplo, reafirmação do chamado ao discipulado, compartilhamento de dificuldades.

O Estilo de discipulado e ensino de Paulo, “ao contrário do professor, não se baseia em conteúdo e em programas, mas no que flui do coração de um pai para um filho espiritual (2Tm 1.2;2.1,2). Paulo repassa sua vida e a de Cristo, para demonstrar as verdades que desejava que Timoteo aprendesse, e o fez não só por meio de seu exemplo de vida mas também por seu relacionamento com jovem discípulo (2Tm 2.3-17)”

Discipulado em Nosso tempos

Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu. (Mc 2.14). “Soa o chamado, e imediatamente segue o ato obediente da pessoa que foi chamada. A resposta do discípulo não é uma confissão oral da fé em Jesus, mas sim um ato de obediência”.

Dietrich Bonhoeffer declara que, na autoridade de Jesus, é a que deve ser colocado todos os olhares, a pessoa chamada no caminho para a fé e para o discipulado deve obediência somente a Jesus. A pessoa larga tudo por causa deste chamado, pois se assim, não o fizer, não poderá seguir os passos de Jesus. O que era velho fica para trás.

Ao discípulo cabe que este deixe sua vida segura e lança-se a uma vida de “incertezas”; que na verdade é nesta vida que se obtêm, total segurança e proteção em comunhão com Jesus. Jesus é o único, o chamado ao discipulado, significa um compromisso com Jesus; é estar sujeito exclusivamente a aquele que chamou, é estar em submissão ao seu mandamento e a sua graça; ...e andarei em liberdade, pois tenho buscado os teus preceitos... (Sl 119:45)

“O discipulado é comprometimento com Cristo” , simplesmente por Ele existir, tem de haver discipulado. A compreensão de Cristo de maneira doutrinária e religiosa onde há reconhecimento na graça ou mesmo no perdão dos pecados, pode até significar, conhecimento e admiração; mais isso não significa discipulado, na verdade isso se torna até hostil para Ele, pois discipulado é doação pessoal é obediência é comprometimento com a pessoa de Cristo Jesus.

“Cristianismo sem Jesus Cristo vivo permanece necessariamente um cristianismo sem discipulado; e cristianismo sem discipulado é sempre cristianismo sem Jesus Cristo; é uma idéia, um mito”. Discípulo é aquele que segue a Jesus Cristo. Ser cristão não significa necessariamente ser discípulo, embora ambos sejam membros do Reino de Deus, discípulo significa; seguir a Cristo, aceitar como o Senhor, servi-lo como um escravo, amar louvar, dando a Ele toda honra e toda glória.

Nos dias de hoje não podemos nos igualar aos discípulos de outrora, ou seja, não podemos seguir Jesus, literalmente. Mas as prioridades, intenções, atitudes interiores dos discípulos são as mesmas de antigamente. O discípulos tem em seu coração: desejo, decisão, obediência; o discípulo de Cristo deseja acima de tudo ser como Ele, ... Basta ao discípulo ser como seu mestre... (Mt 10:25). Para poder alcançar este objetivo em nossos dias é necessário, que o individuo se pré dispõe há ser instruído por Jesus, tornando-se discípulo através de suas ações e decisões, quer seja dentro ou fora da Igreja.

Dietrich Bonhoeffer declara que:

"...tome a sua cruz" Ela já está preparada desde o inicio; falta apenas levá-la. Porém, para que ninguém pense que tem que sair à procura de uma cruz qualquer, seja onde for, ou que deve procurar voluntariamente o sofrimento, Jesus diz que existe uma cruz já preparada para cada um de nós, uma cruz a nós destinada e atribuída por Deus. Cada qual tem que suportar a medida de sofrimento e rejeição que lhe é reservada. Essa medida varia de pessoa para pessoa, pois a um Deus honra com maior sofrimento, dando-lhe, inclusive, a graça do martirio; a outro, porém, não permite que seja tentado além de suas forças. No entanto, a cruz é uma só.

Em todas as congregações existe individuo convertido ou convencido; um comprometido com o Reino de Deus, outro mero espectador apenas estão ali para olhar e ouvir; por costume ou pelo dever cumprido; para fazer amizades ou até mesmo contatos comerciais; uns crentes fervorosos, outros descrentes. Mas contudo estão nos cultos principalmente nos domingo, lotando as Igrejas.

As Igrejas também possuem muitas pessoas dispostas, querendo ajudar nas mais variadas frentes, funções e ministérios; claro que sem estes a Igreja não existiria, mas para qualquer função na Igreja, para o Reino de Deus, é necessario um treinamento adequado. As pessoas comprometidas com Jesus, “discipulos” faram diferenças serão agentes transformadores. Devemos deixar bem claro a diferença que existe entre “ativismo religioso” e “diaconia”, para tanto a capacitação para determinado fim, se faz necessária.

Devemos ensinar, capacitar, para depois servir. A atenção que se tem dada as salas de aulas nas Igrejas no que se refere a: EBD, Ensinos Bíblicos, Cursos de iniciação aos discipulos, Liderança Cristã; tem que ser cada vez mais intencificada, ao ensino uma maior ênfase, através do ensino do “discipulado” é que passaremos de cristãos estagiarios para cristão comprometidos, ou seja, de egoístas para altruistas.

Então disse Jesus aos seus discípulos: ...negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.... (Mt 16:24-25); Jesus, nos exorta a entrarmos no Reino de Deus, a negar-mos a nós mesmo, a livrarmos do nosso egoismo, pois diante de nossos interesses, fazemos apenas a nossa vontade, e não a vontade do Pai, ...que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros. (Jo 13:34)

Por José A Valili - Discipulado em História do pensamento Cristão 01/07/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário